quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

grafismo letal V

quando as rimas voltaram de férias
achei que era poema a prosa ecoante dos fonemas
mas eis que de um discreto enredo profético
a matéria prima da tempestuosa prosa
grafitou com sangue a rima rica da rosa

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

grafismo letal IV

quando as rimas saíram de férias
achei que era prosa o acorde entoado à capela
mas eis que de uma antiga cantiga ribeira
o agudo cortante do canto das lavadeiras
grafitou com sangue o aplauso mudo da platéia

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

grafismo letal III

Quando as rimas saíram de férias
achei que era prosa a paisagem esmiuçada nas telas
mas eis que de um inesperado respingo do pincel
o relevo vazado das tonalidades primárias
grafitou com sangue a tez esmaecida da aquarela

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

grafismo letal II

quando as rimas sairam de férias
achei que era prosa o espinho exposto das rosas
mas eis que de uma invisível pétala de quimera
a abelha melíflua da ensadecida colmeia
grafitou com sangue o pólen estéril das bromélias

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

grafismo letal

quando as rimas sairam de férias
achei que era prosa a invenção oculta na glosa
mas eis que de alguma longíqua esfera
o brilho ofuscante dos punhais estelares
grafitou o fio de sangue na presa da fera

solilóquio

um
desses
dias
em
que
a
palavra
nem
mesmo
larva
urdia



o
silêncio

esse
tigre
cinético

no
regaço
do
escuro
rugia