domingo, 30 de janeiro de 2011

lero com o leitor 3

nem
ligou
pro
queu
disse

achava
tudo
tolice
quase
sempre
um
despiste

lia
porque
queria
saber
se
valia
à
pena
a
poesia

não
se
importava
se
alguma
coisa
eu
calava
ou
dizia

nem
queria
expor
o
que
pensava
ou
sentia

eu
disse
:
fale
então
sobre
o
que
não
pensa
ou
sente


se
permite
o
apalpar
do
palpite

ouvi
quando
baixinho
disse
:
vou
até
onde
o
sentido
admite

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

lero com o leitor 2

eu
lhe
disse
:
vai
insiste

não
é
nada
que
lhe
custe
+ q 1
chiste
ou
- q 1
fetiche

falei
mais
:
não
desiste

a
palavra
é
o
que
resiste
no
que
lhe
posso
dar
de
alvitre

persiste
vai

critica
este
rap
repente
na
paz
do
pastiche

meu
derviche

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Lero com o leitor

eu
lhe
disse
:
comenta
diz
o
que
acha
ou
sente
quando
meus
repentes

o
silêncio
foi
desconcertante
feito
uma
resposta
distante

pensei
:
não
importa
nada
em
mim
é
urgente

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Memória mágica I

em OZ

não fui

homem de lata

homem de palha

ou leão covarde


nem fui

voz de mágico

ensinando que os tijolos

são o elo

entre o real e o irreal

do amarelo


não fui bruxa

do leste ou do oeste

nem Totó ou Dorothy

nem balão ou estrada


fui mais o eterno sorriso

do gato de Alice

num país encantado

de uma outra estória

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

goteira da memória

chove de novo em porto velho
e se faz plúmbeo o verso mais singelo

as lembranças içadas de outrora
são feitas de crianças rindo rio afora

a paisagem se lambuza de manga
e refaz as ruas alagadas de calama

teço finos de recordações futuras
neste pretérito presente que se mistura

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Disfarce

não escrevo pra me mostrar
escrevo pra me ocultar
e ainda que o sol me oriente
só a noite é o meu norte

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

sétimo

às
sete
horas

chegado
em
casa
e
tomado
banho
achou
estranho
a
gaita
ponto
de
borghetti
a
pontear
a
sétima
do
pontal

no
sétimo
andar
ainda
era
dia
sete

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

terceiro

três
tristes
tigres
sem
dentes
batem
a porta
do
dentista
às
três
da
tarde
do
dia
três

três
beijos
pra
casar
de
boca
banguela

azar

seja
tigre
de
benguela
ou
de
bengala

o
dentista
deu
três
suspiros
e
a
tarde
sumiu

sábado, 1 de janeiro de 2011

primeiro

no
primeiro
dia
vieram
ao
evento
as
palavras
que
costumam
narrar
as
histórias
do
tempo

ou
seriam
do
vento
?