As faces dos meninos se modificaram
apareceram algumas rugas
cairam cabelos outros ficaram brancos
alguns olhares são de vidros grossos
o sorriso é meio encabulado
falam do passado do outro lado do rio
ainda entram no cio
olham as meninas que passam
que um dia também serão passados
jogam melhor xadrez
conhecem os segredos dos dados
tocam melhor violão
alguns são solitários
moram nas montanhas nietzschiana
alguns nas cabana de thoureau
brincam nos lagos e igapós
pescando sardinhas branquinhas e lembranças
estudam com as rãs
com se fazem poemas haikais
alguns são meios urbanos
moram em apartamentos distantes
estudam com bilac
e outros livros de poemas na estante
como se fazem sonetos
e como entender estrelas e amar
fazem poemas concretos e destroem outros
para reconstrui-los pós-modernamente novamente
brincam com filosofia s e poesias tribais
linguagens imagens fundamentais
esculturas de barra de sabão
e olham da janela nublada de tabela periodica
a urbanidade passar pelas ruas encharcadas de automoveis
prédios repletos de janelas e torres de babel
que querem chegar aos céus
entender o inglês e outras linguas embaralhadas
imoveis que destruiram florestas
igarapés cristalinos flores beija-flores abelhas e mel
alguns moram em casas antigas
criam cão passarinhos peixinhos de aquários
e leêm os poemas de anchieta
levados pelo mar escrito nas areias
agora trazidos pela veias da internet
cultivam orquideas estrangeiras em kitnet
lousas antigas nos armários
colecionam olhos de bois
controlam o colesterol
comem salsão alface ruculas orgãnicas
arenque linguado salmão
e contemplam o arrebol na beira-mar
na beira do rio meio lindo meio esgoto
alguns são loucos e pescam peixes- voadores
com baladeiras de cannabis e do euzebio
pintam o arco-íris ofuscado
com outras cores misturadas na web
inventam palavras saladas e poemas
montam fuscas ultrapassados
escrevem romances numa olimpus
escutam a rita do chico na vitrola
tiram acordes dissonantes na viola
escuta um blues no gravador
toma uma vitamina um anador
e vão envelhecendo dialeticamente
a tartaruga de zenão não sai do lugar
mas o rio de heraclito não pode esperar
transforma nossos rostos em rugas profundas
nossos sentimentos em poemas
a lagarta verde em borboleta azul
e nos muda de lugar eternamente.
Luiz Alfredo
maninho de olhos vermelhos
ResponderExcluirpelos macios
correndo nos trilhos
dos karipuna, arikém, jupaú
maninho, maninho
doce canto dos Paiter
saudades eternas
de olhar o pôr do sol da tua janela.
Para Surui das tribos dos mirantes
ResponderExcluirAquele pôr do sol
ainda brota nos campos do infinito
como as chuvas com som de trovão
rega os pastos dos mágicos cogumelos
e desperta nossas consciências euclidiana
insana de urbanidade universidade cidade
olhos que não beijam a flor
não lêem o poema destilado no absinto
não abrem a aurora para dialogar com a luz
nem percebem a flor selvagem no jardim
Tomamos muito pôr do sol daquela janela
nos embriagamos até o anoitecer
saimos para ver o luar nas ruas de PV
madrugadas acordadas com as estrelas
dedilhamos acordes dissonantes poemáticos
mergulamos e dançamos com os botos no mirante
pescamos gaivotas no crepúsculo
tomamos mingal tupi com tapioca gaurani
comemos muito hot-dog com tuchau
como se fosse néctar dos deuses
escrevemos poemas como bardos inspirados
vestimos máscaras e os declamamos nas ruas
asfalto negro molhado da Pinheiro Machado
cascalho molhado da Afonso Pena
adormecemos embalados na rede do tempo
acordamos em outro lugares distante
mas continuamos a tecer os poemas na aurora
tecendo as teias coloridas do pôr do sol
debruçando em outras janelas
tocando as estrelas com nossos olhos vermelhos
e viajando na via-láctea.
luiz Alfredo
no pasto o casco
ResponderExcluirdo caco da mente
demente semente
na mata vizinha
sozinha
castanheira queimando
o sol esfriando
fumaça assanhando
o tatu bola
que rola do fogo
da ponta do cigarro
Carlton.
Lagos cristalinos de olhares enluarados
ResponderExcluiraquáticas flores de aurora orvalhadas
que (re)flora flori de poemas haikais
batráquios saltando por cima dos cantos
escrevendo poemas ancestrais
silenciando calmamente nas águas de encantos
libélulas ciscando reflexos de sol nos remansos
louva a deus louvando a Deus
com seus golpes marciais de samurais
beija-flor lambendo as doces cor(olas)
borboletas metamorfose das orlas dos mundos
peixes iluminados de escamas no fundo dos igarapés
vitória-régia reina régia no império dos aguapés
re(tro)voadas de pássaros de eternos vôos
mas veio o homem ocidental de outras plagas
trouxe o motor serra cartesiano
canto gregoriano terço trigo orações pragas
vidro de cizano absinto destilados de centeios
poema doce lusitano vinho tinto peixes defumados
locomotivas seu idioma anglicano seus custeios
marcaram a coluna cervical da seringueira no meio
extraíram seu látex pegajoso aromático do seu seio
abstraíram-no em negras correias e roldanas dentadas
que movimentou a revolução industrial nova cruzada
tingindo de óleo escuro o meu Amazonas
Solimões e rio Negro
madeira beni mamoré
uiara foi embora
boto já não namora
olhos vermelhos do encantado guaraná
virou suco na beira-mar com granola
açaí foi para longe
deixando a mata sem força sem mito silente
virou enlatado de palmito
energético de músculos burgueses
mata agora sem jabuti sem mata-mata
sem os favos da doce jati
samaúma e apuí
sem as mágicas folhas da rainha
sem orvalho e caupuri
buriti virou suco cápsulas de vitaminas
cupuaçu é bombom devorado pelas meninas
do Leblon
antes da bossa nova
muito antes do blues
muito antes da ditadura
vivia na mata bruta
onde ainda canta a nambu
sangue de boi galo campina uirapuru
afogaram o peixe-boi
extinguiram o pirarucu
visgaram a piramutaba
incendiaram a taba dos caripunas
arrancaram a hipófise do tambaqui
fizeram holocausto de jaraqui
jatuaranas matrichãs
exportaram assaram cozinharam todos os quelônios
roubaram ouros diamantes couros muiraquitãs
levaram para outras terras distantes
deixaram mata sufocada sem verde
afogada de mercúrio e derrubadas
orquídeas defloradas sem colibris
repleta de mais-valias penhoradas concordadas
fazendas de gados carpas e sojas
placas de clushes e cocas-colas
igarapés afogados de hambúrgueres e canudinhos
sopas requentadas campell´s e sardinhas em latas
mas já está no orçamento
aprovado pelo senado federal
vão proteger as meninas vis perdidas
meninos servis proletários sem valor
levantar a ponte do rio Sabiaguaba
vão despoluir o Maranguapinho
construir hidrelétricas no Madeira
relembrar o Jaguaribe
ressuscitar o Tietê
vitalizar o Capibaribe
e já estão indo pra Marte.
Luiz Alfredo.
poeta
Farias lima rima a pousada de dona judite
ResponderExcluirManinho,neidinha, faculdade de filosofia
comida macrobiotica, e olha que eu gosto mesmo é de queixada assado, na grande panela Paiter
nada ecológico, mas saboroso
embora como disse o curumim
ecologico é criar queixada aos montes
e comer sem medo de ter, aqueles negócio que "branco" chama de agrótoxico.
Fortaleza, beira mar, voo das gaivotas
maninho, neidinha, luar.
Saudade.
Para Alfredo e o maninho que vive dentro dele
ResponderExcluirmeus discretos sonhos de mulher
nas noites escuras da cidade do porto
que tem nova cara
onde não cai água
jorra concreto e morte
no triângulo da estrada sem ferro
sem trilhos
sem cor ou magia.
Naquele tempo
ResponderExcluireu acreditava no amor
Deus era a própria natureza
o colibri a flor
tinha namorada
e lhe mandava uma margarida
e um poema de pura paixão
comia chocolates de amêndoas
nas tardes quentes de P.V
assistia o balé das andorinhas
tomando tacacá com murupi
caminhava feliz
mesmo com toda a ditadura
tinha cabelos compridos
desenhava cogumelos coloridos
com lápis de cera
e borboletas com hidrocores
depois libertava-as na minha
imaginação
fumava meu cigarro industrial livremente
comia meu cachorro-quente alienado
com refrigerante artificial açucarado
andava pela estrada de ferro madeira-mamoré
curtia o pôr do sol no madeira
dançava com os botos encantados
encarnados pela água amarela
hoje não tenho mais namorada
apenas um mal me quer despetalado
afogado espetado no vaso
decaído pro lado da sombra
as andorinhas e os botos foram extintos
o Deus natureza foi morto na universidade
a democracia restringiu quase tudo
a madeira-mamoré e o pôr do sol no cai n água
foram apagados pelas hidrelétricas
e o amor se tornou um conceito inútil.
Luiz Alfredo.
Tantos poemas quintanadrummontgullar
ResponderExcluirFranciscarvalhobandeiraviniciusbinho
múltiplas formas de amar mergulhar
mar azul rios de pássaros marinhos
céu de outros azuis penhascos ninhos
verde do centro da Terra lava de vulcão
meu olhar (pós) – moderno
vôos de águias astecas incas falcão
ocidental euclidiano desdobrando cores
perdido no jardim da Alice caleidoscópicas
miragens
tomando coca-cola
comendo sanduíche de aliche
cogumelos enlatados caldas destiladas
sopas campell´s com caramelos adocicados
queimados açucarado com trabalho infantil
tantas lutas brutas grutas
labutas sem fim
seringueiras cacaueiros jutas castanheiras
enfim trutas frutas silvestres
vermelhas
esperança verde contornos de nanquim
sentimentos amazônicos curumim
castanhas macrobióticas outras ótica
aquilo que é essencial no ser
balançar-me numa rede de tucum
varandas de rosas vermelhas
num jardim estranho de flores falantes
no parapeito o horizonte infinito
por entre os óculos e uma quebrada telha
repletos de sóis brilhantes
circulando galáxias radiantes
jardim de girassóis e margaridas
corvos no milharal alaranjado de sol
manchado de tardes quentes e rouxinol
enfrenta meu espantalho mal trajado de braços
abertos
flores cirandas versos de cordéis
cantar de pássaros e polens de borboletas
romances que não morreram mesmo com o fim
poesias amores coração afim
antigo pilão machucado no canto solitário
um pote cercado por nuvens de algodão
uma xícara de tradição e porcelana
uma cuia de chimarrão
um violão afinado pelos céus
oração todo dia
toda hora
ontem hoje
agora
chá verde jasmim mate mato capim santo
papoulas vermelhas bailam diante do beija-flor
doce canção flautas de bambus azuis canções
paixão violão acorde de corpo puro
palhetas misturadas de cores e refração
óleo cromático pincéis inspiração
suspiros poéticos pura declamação
as usinas do sertão morrem de sede de caldo de cana
as usinas do madeira estão afogadas em construção
lagrimas dos Andes navegados vão para o oceano
água amarela represada cimentada
feridas pelo mercúrio
o arco-íris não brotou
morreu o tambaqui
piramutaba mandi jaraqui
o filosófico tracajá sempre existirá
dizia: Zenão de Eléia
a vitória-régia imperial secular
as imagens crepusculares flutuam
mas em Tokyo o transito não pára
existe engarrafamento em Fortaleza de puro sol
o Maranguapinho está afogado de lixo e descaso
riacho Maceió é um xarope fermentado ao acaso
em São Paulo o poeta não vê as estrelas nem o ocaso
o Tietê está sufocado de esgotos governos necrosados
não se pode mais dialogar com os céus
chove sem parar
o céu da boca está ferido
as placas começam a se tocar a loba lada
a tartaruga do mar morre entalada
com o lixo de plástico ocidental escovas de dente
garrafas de detergentes fios dentais pontas de cigarros
vômitos sulfúricos mijo uréia sarros
o meteoro que se aproxima já foi detectado
o luar do sertão foi apagado pela cidade
a baleia foi capturada para ser pesquisada
a alma da natureza está abatida
a natureza é a própria alma em manifestação
é a expressão do homem e da mulher
sem a definição perfeita do conceito de Deus.
Luiz Alfredo - poeta
Boto rosa baila na aurora
ResponderExcluirrio madeira de outrora
martim-pescador risca o horizonte
gaivotas brancas mergulham no céu
canoas dançam nos banzeiros maneiros
batelão navega docemente
um pescador lança sua tarrafa
um poeta apaixonado lança seu poema
numa garrafa
o sol é uma tela impressionista
cai n águas seu comércio suas ilusões
maria-fumaça vai tecendo suas pérolas para o mamoré
curumim vende picolé
cunhatã trata uma curimatã
alto do bode baixa da união
a ponte de aço leva ao mucambo
escambo de tudo muita agitação
rola amores escondidos
muitos versos carimbó muita paixão
garapa com salteña na rua do coqueiro
ramal são domingos triângulo blues das antigas
o boto rosa bailando no rio madeira banzeiro
briga de galo boi-bumbá canto de sabiá
eu pensava que tudo isto era para sempre.
Luiz Alfredo.
Canta surui
ResponderExcluirnas palmas que dançam no vento
nas palmeiras de tucumâ
nos olhos do buriti
nos galhos repletos de cores da
pupunha
nos cachos purpuras do açai
canta nos raios do sol
o canto melancólico da juriti
nas tardes que morrem nas florestas
nas frestas dos olhares encantados
não deixe o poema da taba morrer
lute porque nossa arma é a metáfora
que fere com o verso o perverso
que mata nossos igarapés
aprisiona nossos sabiás
enlata nossas frutas
dinamita nossas cachoeiras
apagam nossas aldeias
mudam a curva do rio
mas não podem calar os acordes do binho
as crônicas do basinho
nem esconder os poemas do neruda
do borges francisco carvalho
que lembraram das águas afogadas
que foram soterradas pelos leilões
sombrios
e o martelo sem alma.
Luiz Alfredo