sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Luiz Alfredo (Maninho) poetando no Menino da água doce

As faces dos meninos se modificaram
apareceram algumas rugas
cairam cabelos outros ficaram brancos
alguns olhares são de vidros grossos
o sorriso é meio encabulado
falam do passado do outro lado do rio
ainda entram no cio
olham as meninas que passam
que um dia também serão passados
jogam melhor xadrez
conhecem os segredos dos dados
tocam melhor violão
alguns são solitários
moram nas montanhas nietzschiana
alguns nas cabana de thoureau
brincam nos lagos e igapós
pescando sardinhas branquinhas e lembranças
estudam com as rãs
com se fazem poemas haikais
alguns são meios urbanos
moram em apartamentos distantes
estudam com bilac
e outros livros de poemas na estante
como se fazem sonetos
e como entender estrelas e amar
fazem poemas concretos e destroem outros
para reconstrui-los pós-modernamente novamente
brincam com filosofia s e poesias tribais
linguagens imagens fundamentais
esculturas de barra de sabão
e olham da janela nublada de tabela periodica
a urbanidade passar pelas ruas encharcadas de automoveis
prédios repletos de janelas e torres de babel
que querem chegar aos céus
entender o inglês e outras linguas embaralhadas
imoveis que destruiram florestas
igarapés cristalinos flores beija-flores abelhas e mel
alguns moram em casas antigas
criam cão passarinhos peixinhos de aquários
e leêm os poemas de anchieta
levados pelo mar escrito nas areias
agora trazidos pela veias da internet
cultivam orquideas estrangeiras em kitnet
lousas antigas nos armários
colecionam olhos de bois
controlam o colesterol
comem salsão alface ruculas orgãnicas
arenque linguado salmão
e contemplam o arrebol na beira-mar
na beira do rio meio lindo meio esgoto
alguns são loucos e pescam peixes- voadores
com baladeiras de cannabis e do euzebio
pintam o arco-íris ofuscado
com outras cores misturadas na web
inventam palavras saladas e poemas
montam fuscas ultrapassados
escrevem romances numa olimpus
escutam a rita do chico na vitrola
tiram acordes dissonantes na viola
escuta um blues no gravador
toma uma vitamina um anador
e vão envelhecendo dialeticamente
a tartaruga de zenão não sai do lugar
mas o rio de heraclito não pode esperar
transforma nossos rostos em rugas profundas
nossos sentimentos em poemas
a lagarta verde em borboleta azul
e nos muda de lugar eternamente.

Luiz Alfredo

10 comentários:

  1. maninho de olhos vermelhos
    pelos macios
    correndo nos trilhos
    dos karipuna, arikém, jupaú
    maninho, maninho
    doce canto dos Paiter
    saudades eternas
    de olhar o pôr do sol da tua janela.

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  2. Para Surui das tribos dos mirantes

    Aquele pôr do sol
    ainda brota nos campos do infinito
    como as chuvas com som de trovão
    rega os pastos dos mágicos cogumelos
    e desperta nossas consciências euclidiana
    insana de urbanidade universidade cidade
    olhos que não beijam a flor
    não lêem o poema destilado no absinto
    não abrem a aurora para dialogar com a luz
    nem percebem a flor selvagem no jardim
    Tomamos muito pôr do sol daquela janela
    nos embriagamos até o anoitecer
    saimos para ver o luar nas ruas de PV
    madrugadas acordadas com as estrelas
    dedilhamos acordes dissonantes poemáticos
    mergulamos e dançamos com os botos no mirante
    pescamos gaivotas no crepúsculo
    tomamos mingal tupi com tapioca gaurani
    comemos muito hot-dog com tuchau
    como se fosse néctar dos deuses
    escrevemos poemas como bardos inspirados
    vestimos máscaras e os declamamos nas ruas
    asfalto negro molhado da Pinheiro Machado
    cascalho molhado da Afonso Pena
    adormecemos embalados na rede do tempo
    acordamos em outro lugares distante
    mas continuamos a tecer os poemas na aurora
    tecendo as teias coloridas do pôr do sol
    debruçando em outras janelas
    tocando as estrelas com nossos olhos vermelhos
    e viajando na via-láctea.

    luiz Alfredo

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  3. no pasto o casco
    do caco da mente
    demente semente
    na mata vizinha
    sozinha
    castanheira queimando
    o sol esfriando
    fumaça assanhando
    o tatu bola
    que rola do fogo
    da ponta do cigarro
    Carlton.

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  4. Lagos cristalinos de olhares enluarados
    aquáticas flores de aurora orvalhadas
    que (re)flora flori de poemas haikais
    batráquios saltando por cima dos cantos
    escrevendo poemas ancestrais
    silenciando calmamente nas águas de encantos
    libélulas ciscando reflexos de sol nos remansos
    louva a deus louvando a Deus
    com seus golpes marciais de samurais
    beija-flor lambendo as doces cor(olas)
    borboletas metamorfose das orlas dos mundos
    peixes iluminados de escamas no fundo dos igarapés
    vitória-régia reina régia no império dos aguapés
    re(tro)voadas de pássaros de eternos vôos
    mas veio o homem ocidental de outras plagas
    trouxe o motor serra cartesiano
    canto gregoriano terço trigo orações pragas
    vidro de cizano absinto destilados de centeios
    poema doce lusitano vinho tinto peixes defumados
    locomotivas seu idioma anglicano seus custeios
    marcaram a coluna cervical da seringueira no meio
    extraíram seu látex pegajoso aromático do seu seio
    abstraíram-no em negras correias e roldanas dentadas
    que movimentou a revolução industrial nova cruzada
    tingindo de óleo escuro o meu Amazonas
    Solimões e rio Negro
    madeira beni mamoré
    uiara foi embora
    boto já não namora
    olhos vermelhos do encantado guaraná
    virou suco na beira-mar com granola
    açaí foi para longe
    deixando a mata sem força sem mito silente
    virou enlatado de palmito
    energético de músculos burgueses
    mata agora sem jabuti sem mata-mata
    sem os favos da doce jati
    samaúma e apuí
    sem as mágicas folhas da rainha
    sem orvalho e caupuri
    buriti virou suco cápsulas de vitaminas
    cupuaçu é bombom devorado pelas meninas
    do Leblon
    antes da bossa nova
    muito antes do blues
    muito antes da ditadura
    vivia na mata bruta
    onde ainda canta a nambu
    sangue de boi galo campina uirapuru
    afogaram o peixe-boi
    extinguiram o pirarucu
    visgaram a piramutaba
    incendiaram a taba dos caripunas
    arrancaram a hipófise do tambaqui
    fizeram holocausto de jaraqui
    jatuaranas matrichãs
    exportaram assaram cozinharam todos os quelônios
    roubaram ouros diamantes couros muiraquitãs
    levaram para outras terras distantes
    deixaram mata sufocada sem verde
    afogada de mercúrio e derrubadas
    orquídeas defloradas sem colibris
    repleta de mais-valias penhoradas concordadas
    fazendas de gados carpas e sojas
    placas de clushes e cocas-colas
    igarapés afogados de hambúrgueres e canudinhos
    sopas requentadas campell´s e sardinhas em latas
    mas já está no orçamento
    aprovado pelo senado federal
    vão proteger as meninas vis perdidas
    meninos servis proletários sem valor
    levantar a ponte do rio Sabiaguaba
    vão despoluir o Maranguapinho
    construir hidrelétricas no Madeira
    relembrar o Jaguaribe
    ressuscitar o Tietê
    vitalizar o Capibaribe
    e já estão indo pra Marte.

    Luiz Alfredo.
    poeta

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  5. Farias lima rima a pousada de dona judite
    Maninho,neidinha, faculdade de filosofia
    comida macrobiotica, e olha que eu gosto mesmo é de queixada assado, na grande panela Paiter
    nada ecológico, mas saboroso
    embora como disse o curumim
    ecologico é criar queixada aos montes
    e comer sem medo de ter, aqueles negócio que "branco" chama de agrótoxico.
    Fortaleza, beira mar, voo das gaivotas
    maninho, neidinha, luar.
    Saudade.

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  6. Para Alfredo e o maninho que vive dentro dele
    meus discretos sonhos de mulher
    nas noites escuras da cidade do porto
    que tem nova cara
    onde não cai água
    jorra concreto e morte
    no triângulo da estrada sem ferro
    sem trilhos
    sem cor ou magia.

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  7. Naquele tempo
    eu acreditava no amor
    Deus era a própria natureza
    o colibri a flor
    tinha namorada
    e lhe mandava uma margarida
    e um poema de pura paixão
    comia chocolates de amêndoas
    nas tardes quentes de P.V
    assistia o balé das andorinhas
    tomando tacacá com murupi
    caminhava feliz
    mesmo com toda a ditadura
    tinha cabelos compridos
    desenhava cogumelos coloridos
    com lápis de cera
    e borboletas com hidrocores
    depois libertava-as na minha
    imaginação

    fumava meu cigarro industrial livremente
    comia meu cachorro-quente alienado
    com refrigerante artificial açucarado
    andava pela estrada de ferro madeira-mamoré
    curtia o pôr do sol no madeira
    dançava com os botos encantados
    encarnados pela água amarela

    hoje não tenho mais namorada
    apenas um mal me quer despetalado
    afogado espetado no vaso
    decaído pro lado da sombra
    as andorinhas e os botos foram extintos
    o Deus natureza foi morto na universidade
    a democracia restringiu quase tudo
    a madeira-mamoré e o pôr do sol no cai n água
    foram apagados pelas hidrelétricas
    e o amor se tornou um conceito inútil.

    Luiz Alfredo.

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  8. Tantos poemas quintanadrummontgullar
    Franciscarvalhobandeiraviniciusbinho
    múltiplas formas de amar mergulhar
    mar azul rios de pássaros marinhos
    céu de outros azuis penhascos ninhos
    verde do centro da Terra lava de vulcão
    meu olhar (pós) – moderno
    vôos de águias astecas incas falcão
    ocidental euclidiano desdobrando cores
    perdido no jardim da Alice caleidoscópicas
    miragens
    tomando coca-cola
    comendo sanduíche de aliche
    cogumelos enlatados caldas destiladas
    sopas campell´s com caramelos adocicados
    queimados açucarado com trabalho infantil
    tantas lutas brutas grutas
    labutas sem fim
    seringueiras cacaueiros jutas castanheiras
    enfim trutas frutas silvestres
    vermelhas
    esperança verde contornos de nanquim
    sentimentos amazônicos curumim
    castanhas macrobióticas outras ótica
    aquilo que é essencial no ser
    balançar-me numa rede de tucum
    varandas de rosas vermelhas
    num jardim estranho de flores falantes
    no parapeito o horizonte infinito
    por entre os óculos e uma quebrada telha
    repletos de sóis brilhantes
    circulando galáxias radiantes
    jardim de girassóis e margaridas
    corvos no milharal alaranjado de sol
    manchado de tardes quentes e rouxinol
    enfrenta meu espantalho mal trajado de braços
    abertos
    flores cirandas versos de cordéis
    cantar de pássaros e polens de borboletas
    romances que não morreram mesmo com o fim
    poesias amores coração afim
    antigo pilão machucado no canto solitário
    um pote cercado por nuvens de algodão
    uma xícara de tradição e porcelana
    uma cuia de chimarrão
    um violão afinado pelos céus
    oração todo dia
    toda hora
    ontem hoje
    agora
    chá verde jasmim mate mato capim santo
    papoulas vermelhas bailam diante do beija-flor
    doce canção flautas de bambus azuis canções
    paixão violão acorde de corpo puro
    palhetas misturadas de cores e refração
    óleo cromático pincéis inspiração
    suspiros poéticos pura declamação
    as usinas do sertão morrem de sede de caldo de cana
    as usinas do madeira estão afogadas em construção
    lagrimas dos Andes navegados vão para o oceano
    água amarela represada cimentada
    feridas pelo mercúrio
    o arco-íris não brotou
    morreu o tambaqui
    piramutaba mandi jaraqui
    o filosófico tracajá sempre existirá
    dizia: Zenão de Eléia
    a vitória-régia imperial secular
    as imagens crepusculares flutuam
    mas em Tokyo o transito não pára
    existe engarrafamento em Fortaleza de puro sol
    o Maranguapinho está afogado de lixo e descaso
    riacho Maceió é um xarope fermentado ao acaso
    em São Paulo o poeta não vê as estrelas nem o ocaso
    o Tietê está sufocado de esgotos governos necrosados
    não se pode mais dialogar com os céus
    chove sem parar
    o céu da boca está ferido
    as placas começam a se tocar a loba lada
    a tartaruga do mar morre entalada
    com o lixo de plástico ocidental escovas de dente
    garrafas de detergentes fios dentais pontas de cigarros
    vômitos sulfúricos mijo uréia sarros
    o meteoro que se aproxima já foi detectado
    o luar do sertão foi apagado pela cidade
    a baleia foi capturada para ser pesquisada
    a alma da natureza está abatida
    a natureza é a própria alma em manifestação
    é a expressão do homem e da mulher
    sem a definição perfeita do conceito de Deus.

    Luiz Alfredo - poeta

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  9. Boto rosa baila na aurora
    rio madeira de outrora
    martim-pescador risca o horizonte
    gaivotas brancas mergulham no céu
    canoas dançam nos banzeiros maneiros
    batelão navega docemente
    um pescador lança sua tarrafa
    um poeta apaixonado lança seu poema
    numa garrafa
    o sol é uma tela impressionista
    cai n águas seu comércio suas ilusões
    maria-fumaça vai tecendo suas pérolas para o mamoré
    curumim vende picolé
    cunhatã trata uma curimatã
    alto do bode baixa da união
    a ponte de aço leva ao mucambo
    escambo de tudo muita agitação
    rola amores escondidos
    muitos versos carimbó muita paixão
    garapa com salteña na rua do coqueiro
    ramal são domingos triângulo blues das antigas
    o boto rosa bailando no rio madeira banzeiro
    briga de galo boi-bumbá canto de sabiá
    eu pensava que tudo isto era para sempre.

    Luiz Alfredo.

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  10. Canta surui
    nas palmas que dançam no vento
    nas palmeiras de tucumâ
    nos olhos do buriti
    nos galhos repletos de cores da
    pupunha
    nos cachos purpuras do açai
    canta nos raios do sol
    o canto melancólico da juriti
    nas tardes que morrem nas florestas
    nas frestas dos olhares encantados
    não deixe o poema da taba morrer
    lute porque nossa arma é a metáfora
    que fere com o verso o perverso
    que mata nossos igarapés
    aprisiona nossos sabiás
    enlata nossas frutas
    dinamita nossas cachoeiras
    apagam nossas aldeias
    mudam a curva do rio
    mas não podem calar os acordes do binho
    as crônicas do basinho
    nem esconder os poemas do neruda
    do borges francisco carvalho
    que lembraram das águas afogadas
    que foram soterradas pelos leilões
    sombrios
    e o martelo sem alma.

    Luiz Alfredo

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